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Entrevista Inédita

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1) Como foi a sua chamada para missões transculturais?
Fui despertada para a obra missionária ainda criança, através da história do menino Samuelito, durante uma EBF. Alguns anos depois, aos quinze anos, prostrei-me diante do altar do Senhor, oferecendo-me para o serviço missionário entre os povos indígenas após ouvir uma ministração em um culto de missões. Me preparei dos 15 aos 19 anos para executar esse chamado e aos 19 anos parti para minha primeira missão em tempo integral. Quero deixar bem claro, que para mim, todas as portas estavam abertas, mas eu só via uma possibilidade, deixar minha vida ser gasta pelo Senhor enquanto reconquistava para Ele a recompensa pelos seus sofrimentos.
2) Há quanto tempo está no campo missionário?
Faz dezessete anos que trabalho com missões em tempo integral. Se eu vivesse mil vidas eu as viveria da mesma maneira, não existe patrão melhor do que Jesus de Nazaré. Vi a fidelidade e o cuidado de Deus durante todos esses anos. Muitos momentos foram dificílimos, houve fome, perseguição, extrema solidão, perigos incontáveis, mas eu tinha uma certeza, Ele estava lá, comigo, em todos os momentos. Esse sentimento me fazia seguir em frente e lutar um pouco mais. Certa vez, precisei remar 30 dias para alcançar uma única casa, perdi 20 quilos nessa empreitada. Mas valeu a pena. O símbolo do meu serviço sempre foi uma cruz e nunca uma escada. Não me entreguei para missões em busca de fama ou dinheiro. Meu lema sempre foi: se vivo, para Ele Vivo! Se morro, para Ele morro!
3) Cite um milagre marcante em seu ministério.
Foram muitos os milagres, mas destaco esse que contarei a seguir, que aconteceu depois de quase um ano tentando, em vão, levantar recursos para a compra de um barco para alcançar os indios do Alto Rio Purus. Eu já tinha feito um bazar missionário, já tinha vendido lanche na porta do templo, já tinha vendido minha bicicleta, meu gravador, tudo o que eu tinha para comprar esse barco e tudo o que eu consegui foi R$ 1.200,00 ( hum mil e duzentos reais) e meu prazo estava acabando. Nesse ínterim fui pregar no Rio Pacajá, interior de Portel, e , no final da pregação, notei um homem, de aproximadamente quarenta anos, alto, magro, sentado no banco da frente, do lado esquerdo da nave do templo, que ele estava terrivelmente pálido, trêmulo e assustado. Ele tinha as duas mãos em cima do coração e o apertava, me pareceu que ele estava sentindo uma dor profunda. Por um minuto fiquei sem saber o que fazer, ninguém estava vendo o que estava acontecendo, só eu o observava, somente eu vi quando ele caiu em cima da cadeira, prestes a desmaiar. Nossos olhares se encontraram e ele me chamou, tive a impressão que ele estava enfartando e me aproximei temerosa.
– O que você está sentindo, meu irmão?
– O Coração de Jesus. Respondeu, o homem ofegante.
– O quê? Não estou entendendo, o que tem o Coração de Jesus?
– O Senhor me mandou te dar o Coração de Jesus, receba, por favor, é um barco de 20m de comprimento e com um motor MWM 114. O nome do barco é Coração de Jesus e ele, a partir desse momento, é seu. O Senhor me mandou te dar. O barco está avaliado em R$ 100.000 mil reais.
Glória a Deus! Ele vive!
4) Como foi o trabalho com os índios?
Trabalhar com índios é difícil e gratificante. Eles tem uma visão muito particular do mundo e essa visão precisa ser respeitada, sou eu que preciso me adequar e não o contrário. Assume-se a identidade indígena. Como a mesma comida, durmo na rede ou no chão, participo das atividades diárias. Não há separações entre nós. Preciso construir uma relação de confiança, entender sua maneira de pensar e agir. E, pouco a pouco, encontrar a melhor porta de entrada para o Evangelho, a melhor abordagem. Mas o melhor sermão é sempre aquele lido em nosso testemunho. Eles são muito inteligentes e observadores. Logo descobrirão se o que você diz está ou não de acordo com o que você vive. O missionário deve entender que não está ali para criar uma filial da igreja local, a igreja indígena deve ter suas próprias características.
5) Como foi o processo de aculturação?
Não foi fácil encontrar o equilíbrio, entender o que implica em salvação e o que é simplesmente uma manifestação cultural. Se nós não entendermos isso, lutaremos muitas batalhas perdidas. O respeito a cultura e a pessoa do índio começa com a observação de seu comportamento e total atenção ao que ele diz. Depois devemos buscar a Deus em oração para que possamos compreende-lo e ama-lo como ele é. Sem amor, não há sucesso na missão. O missionário não é senhor, é servo do povo que recebeu.
6) Deixe uma palavra para aqueles que se sentem vocacionados para missões.
Não venda e nem negocie sua chamada, tampouco veja a obra missionária como um trampolim ministerial. O exemplo para o nosso serviço é Jesus, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida. Trabalhe para Ele, esperando Nele, porque a vitória no campo missionário, só vem Dele.
7) O que eles devem fazer até a concretização do chamado?
Dê frutos na igreja local, não existe nada de mágico que transformará você em um missionário ao cruzar uma fronteira ou um oceano. Se você não dá frutos aqui, não dará frutos em outro lugar e em circunstancias mais difíceis. Leia biografia de missionários. Prepare-se da melhor maneira possível para servir ao povo que o Senhor lhe entregará. Inicie um movimento de oração, a obra missionária jamais poderá andar separada da oração e da entrega total, ore pelos missionários, ore pelos povos não alcançados, ore por tradutores para as escrituras, deixe que Deus lhe dirija em oração para mudar situações e vidas. Passe a contribuir com missões, associe-se a missionários que estejam no campo ou a organizações missionárias e ajude-os a executarem seus projetos. A porta que se abre lentamente, se abrirá completamente.
8) Fale da oportunidade de lançar um livro pela CPAD.
O livro PAKAU, A CHAMADA, O PREÇO E A RECOMPENSA DE UMA MISSIONÁRIA NA AMAZÔNIA é mais do que uma simples biografia missionária, é um livro que brada a cada página, que nosso Deus está vivo. Que Ele não somente é o Deus do passado, Ele é o Deus do presente. Ele faz milagres ainda hoje. Ele é o Deus das missões e dos missionários! Você vai chorar, vai sorrir, vai se emocionar. Deus falará com você através dessa leitura. Meu interesse não é financeiro, quero corações despertados e inflamados pela obra missionária entre os mais pobres e menos alcançados do Brasil. Precisamos olhar com compaixão para nossos índios, que estão morrendo sem ter a chance de ter um encontro com Cristo. Precisamos amar as quase 17 mil comunidades ribeirinhas que não conhecem Jesus. Precisamos levantar os nossos olhos e ver os campos que já estão brancos para a ceifa.
9) Em que missão você trabalha atualmente?
Estamos a dez anos no interior do Pará, no município de Maracanã, temos uma Creche Escola Missionária que atende quase 100 crianças da comunidade da zona rural, aqui essas crianças são evangelizadas, discipuladas, alimentadas e ainda recebem o reforço escolar. Tudo pela fé, sem nenhuma ajuda pública. Nós oramos e Deus faz o milagre acontecer diariamente. Temos também a Escola de Missões Pakau Oro MOn, que recebe moças para serem treinadas por um ano para alcançarem os mais pobres e menos alcançados do mundo.
Aprendi ao longo dos anos que quando você começa, Deus começa também. A obra missionária nunca deixou de ser feita por falta de dinheiro, mas sim por falta de fé e submissão. Os recursos de Deus são ilimitados e estão disponíveis para aquele que é fiel no cumprimento de seu dever.
kelem Gaspar
kelemgaspar.blogspot.com
www.projetocamposbrancos.org.br
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Missionária Kelem Gaspar

Sou a Kelem Gaspar, serva do Senhor, missionária da obra de Deus e pregadora da Palavra de Deus. Sou mãe da Eduarda e junto com os demais vocacionados, formamos uma família missionária; atualmente estamos no município de Maracanã, no Interior do Estado do Pará, cumprindo o IDE, porém a seara é grande, mas até aqui o Senhor tem nos ajudado e diversos irmãos do Brasil apoiado nosso trabalho.

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