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Se Cristo comigo vai, eu irei! | Projeto Campos Brancos
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Se Cristo comigo vai, eu irei!

Deus é totalmente digno de confiança. Deus jamais decepciona os que confiam nele.

“Chegamos ao entardecer, desligamos o motor e imediatamente percebemos que estávamos sendo observados por entre as folhagens. O irmão me acompanhou até o alto do barranco e a aldeia estava vazia. Caminhamos e ele descobriu que os homens estavam ausentes e as mulheres escondidas com medo de nós.

Ele me olhou bem nos olhos e perguntou:

“Tem certeza que quer ficar aqui? Porque não volta comigo e esquece essa história de índio? Ninguém vai levar a mal.”

“Impossível voltar atrás. Chega um momento em que nós precisamos escolher se confiamos em Deus ou não. Esse momento chegou para mim e eu escolho confiar n’Ele.”

Ele se foi e eu fiquei ali, sozinha, temerosa, mas muito feliz.

Uma índia chamada Ewatembé veio falar comigo (Eles conheciam o português comercial) e me informou que eu não poderia entrar na aldeia até que os homens chegassem da mata, somente o cacique poderia autorizar a minha entrada.

Sentei em baixo de uma árvore e acabei adormecendo em cima da mochila. Estava exausta da viagem, a pele ardia por causa do sol, a roupa ainda estava encharcada da água da chuva. Sentia-me fraca devido à ausência de alimentos durante o dia. 

Acordei ouvindo vozes masculinas. Eles falavam alto e riam, carregando nas costas enormes porcos do mato abatidos por suas afiadas flechas para a alimentação da semana. De repente fez-se silêncio e o cacique, mesmo antes de me ver, perguntou a Ewatembé quem estava na aldeia. Ela não disse uma palavra, apenas apontou em direção à árvore que eu estava.

Eles se aproximaram e o cacique perguntou quem eu era e o que estava fazendo ali. Disse a ele que me chamava Kelem (ele nunca conseguiu pronunciar meu nome) e que estava ali para conhecê-los e para falar a eles um pouco mais acerca do Deus criador dos céus e da terra e de seu filho Jesus.

Ele me convidou para acompanhá-lo até sua cabana. Todos faziam silêncio absoluto. Ele entrou e saiu com uma flecha maior do que eu, cuja ponta de osso afiado, media mais de um palmo e deu-me a impressão de que poderia dividir ao meio um fio de cabelo.

– Você sabe o que é isso? Perguntou.

– Sim. É uma flecha. Respondi.

– E você sabe para que serve? Tornou a perguntar.

– Serve para caçar animais e arpoar peixes na beira do rio. Respondi.

– Errado. Ela foi confeccionada especialmente para invasores que vem de longe para nos enganar e roubar. Um outro como você já morreu na ponta dela.

Fiz uma oração relâmpago: Deus, eu não vim aqui para morrer. Socorre-me, em nome de Jesus.

Levantei a cabeça, olhei bem nos olhos dele, com o dedo indicador da mão direita ,empurrei a ponta da flecha da minha direção e lhe disse:

“Eu não morrerei na ponta de sua lança. Vim aqui para lhe trazer um recado da parte de Deus e só irei embora quando tiver terminado o que vim fazer. Não vim lhe fazer mal, olhe para mim, nada além do amor me trouxe até aqui”. Trecho do livro Pakau, CPAD, Kelem Gaspar.

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